A OMT – Organização Mundial do Turismo, publicou no passado dia 26 de março a atualização das previsões do impacto do surto de COVID-19 no turismo internacional. Os números são devastadores. E agora?
A tutela das Nações Unidas para o setor do Turismo havia projetado no início de fevereiro de 2020 um impacto do surto nas chegadas de turismo internacional entre os -1 a -3%, contrastando com as previsões de crescimento de 3 a 4% publicadas em Janeiro, antes da globalização do surto. Na recente publicação de 27 de março o valor da quebra das chegadas internacionais no ano de 2020 foi agora atualizado para -20 a -30%, face a 2019. Este valor corresponde ao crescimento acumulado no período dos últimos 5 a 7 anos, respetivamente.
Quanto tempo demorarão as chegadas de turismo internacional a recuperar para os níveis pré-COVID-19? Quais os mercados emissores e os mercados recetores a recuperar mais rapidamente?
Ainda que o impacto do surto SARS em 2003/2004 e o impacto do subprime em 2007/2008 nas chegadas internacionais tenha sido comparativamente inferiores, olhando à métrica do número de chegadas internacionais, ambos recuperaram aos valores do ano anterior a cada crise nos dois anos seguintes. Contudo, o mesmo não ocorre se olha à métrica dos preços, como por exemplo as tarifas médias diárias [ADR – Average Daily Rate] dos alojamentos de cada mercado recetor. Na perspetiva das ADR, o histórico de dados da STR em vários destinos é consistente e útil. Demonstra que o período da recuperação do nível de preços até aos valores pré-crise equivale a mais do dobro do período da queda de preços desde o momento pré-crise até ao ponto mais baixo dos preços. No caso do surto COVID-19, aguardamos ainda que a queda de preços dê sinais de estabilidade.
Segundo os dados disponíveis à presente data, o travel intent já se encontra em retoma nos mercados emissores do Extremo Oriente, Sudoeste Asiático e Oceania. Os mercados emissores de que os destinos na Europa Ocidental mais dependem – europeus e norte-americanos, têm os indicadores de travel intent em queda, sem apresentarem ainda sinais de estabilização.
A história sugere que os destinos (ou mercados recetores) que já tenham tido a experiência de gestão de crises provocadas por surtos, como o Extremo Oriente, Sudoeste Asiático e América Central, recuperam mais rapidamente aos seus indicadores para os valores pré-crise. A prática demonstra que propriedades com profissionais que tenham experienciado períodos de crise têm perdas abaixo das do mercado e recuperam mais rapidamente os níveis de performance.
Nesta crise destinos e negócios não terão mãos a medir. Com uma mão terão de resolver os graves problemas de tesouraria e da força de trabalho; com outra mão, fazer o raincheck da retoma do travel intent da procura; e com a terceira mão ter a máquina de vendas afinada, ligá-la e conduzi-la para num curtíssimo período de tempo adquirir as reservas que possam minimizar as perdas de 2020.